No dia em que eu partir
No dia em que eu partir
Jorge Linhaça
No dia em que eu partir
nenhuma lágrima rolará
não ouvirei o som do pranto
Partirei como uma sombra
em cerimônia modesta
sem pompa nem circunstância
em um féretro vazio.
De imediato esquecido
como se não houvesse existido
mas num paradoxo estranho
serei por vezes lembrado
por meus versos rabiscados
que alguém lerá por acidente.
Não me chamarão imortal
embora a alma não morra
e a eternidade percorra
sem início e sem final.
No dia em que eu partir
vejam só que persistência
ficará a minha essência
naquilo que já escrevi
Quer concordem ou refutem
restará esse legado
aqui ou ali já gravado
em papel ou qualquer mídia.
E se um dia este poema
aos teus olhos se mostrar
não o julgues o derradeiro
pois acharei outro meio
de no além poetar.
Salvador, 29 de julho de 2012.