ESTILHAÇOS DO MEU PASSADO

De repente me vejo vendo o passado

releio cartas que recebi

releio rascunhos que escrevi

lembranças contundentes

trazendo-me sensações diferentes

nos olhos lágrimas

na boca o sorriso dos dentes

Fotos amareladas tiradas de velhas máquinas

nada de fotografia digital

nas fotos antigas muitas digitais

de gente que não verei mais

Lembranças de bocas de beijos

lembranças de braços e abraços

sinto o perfume do passado

como um perdigueiro de olfato apurado

eu procuro essa gente do passado

rodando em círculos não encontro ninguém

A minha consciência me cobra

por quê não me reconciliei?

por quê não amei um pouco mais?

Amores e amigos distantes de mim

amores e amigos desfeitos por erros da

minha conduta

amores e amigos que a vida levou

A granada estilhaçou...

um pouco de mim ficou espalhado

sangue e dor

lágrimas de alegria

risos de ironia

vou levantar a bandeira branca da paz

vou dar uma trégua chega da minha

guerra interna

Vou dar um presente pro meu

passado

olharei pro futuro sem orgulho

Vou tentar me aproximar dos amores

que tive

vou tentar ser mais amigo dos amigos

que fiz na vida

Tentarei entender meus desafetos

Tentarei juntar meus estilhaços

meus fragmentos foram levados

no vento do tempo

Observo meu mosaico são fotos,cartas

objetos diversos

tempo que andava no céu não pisava

no concreto duro

Tempo que fiz amigos e amores

eu era mais puro

sinto o cheiro e os sabores desse

tempo

sinto o beijo doce e o adeus amargo

nos estilhaços do meu passado