NÁUFRAGO NUM BARRIL...
Agarrado à Poesia
como um náufrago num barril
O mar desatado está à minha volta
e se desenrola como uma Rosa viva
Passam as ilhas de coqueiros sussurrantes
e os grandes anéis de coral
como se flores no mar
de uma cor viva Indevida, não tenho âncora...
A nada me prendo
no suspense do barril que flutuo
me uno às águas
que movem o verde para além do meu coração
Dou as mãos a tudo que o bravio mar faz achar
com um assobio perfeito no peito
liso como uma folha
___mas preso às nervuras da Vida!...___
Se diz que muita gente vagou perdido no mar, percorreram
/ muitas milhas,
até serem achados por um navio___ mercante___
e seus mastros luminosos, sua chaminé suas velas...
seus conveses de mogno...preciosas...
a ilha do olhar de suas escotilhas e a quina queixosa de seu casco
com borbulhas, entre ostras, de espuma.
Diz-se que é assim
Deus o sabe... ___e o Mar___ !...
___Mas não me acho perdido...___
Sei que o mar é apenas um reflexo do céu
___e as águas nos guardam...
para um momento melhor...___
O barril flutua na água pura
cheia de palavras, lavra
a praia me aguarda,
certa de presença,... mas desnecessária...
O barril é redondo como o céu
Isso diz tudo !...
Já não desejo largá-lo, mas se o fizesse mercê
de sua transmissiva humanidade...
___com Sol dizente e indizente ___...ao invés de praia...
poderia...
por causa de sua redondeza e de seu
___arco de fala___
sem dúvida ___ nenhuma dúvida !
___caminhar pelas águas !... ___