UMA REDUÇÃO MINUCIOSA
Fiz o possível no impossível pra reduzir-me ao
mínimo
Queria habitar no sopro da Vida
Aquele algo no algo
Aquela fração onde o Vento é calmo
Aquele pigmento na borda do lago da cor
Aquele reflexo não sei ao certo meio sombra
da ponta da flor
Aquele acréscimo que só o mínimo pode
A cobertura de luz que a todo o Oceano cobre
e se desenha em areias conchas claras luas cheias
E quis arrumar as palavras para dizerem outra coisa
Como essa reverência de vida que nossos olhos depositam
/ ao contemplar qualquer corpo
agora luzidio e vivo
e não oco...
O amor no pouco a pouco
A medida de cada fotograma miligrama
no branco mar da vida
bandeirola de um barquinho no mar de vinho
ponto final de toda a digital iniciando os planos
leme que finalmente simplesmente posso
aquela mínima junção joelhinho entre ossos e ossos
Mas enfim manuseável
como o ponto de um rio
que faz o plano Oceano !...
Abri uma navalha mais poderosa que a navalha de Ocam
ela foi ___ instrumento cirúrgico ___ desbastando cada medida
/ ilimitada
como a floresta que anseia a madrugada dos pássaros cantores
e foi... reduzindo tudo... Tudo
ficou cabente de uma pequenina caixinha de remédio
bela em si ___ irrisão horas mortas tédio ___ rã suave
/ do alvorecer
levantando todas as gotas
como salta ___ aquele mínima minimíssima mala da
poesia de Bashô...
Hei de caber nesse mínimo mas como a gaiola não cabe a ave
antes a voa
e a amplidão ressoa...
Mínimo como as pequeninas iluminuras o Universo
passa e berça o além colocando no espaço a borda de todas
/ as folhas...
Mínima rolha mínimo vinho
todo carinho...
E sei que dobrarei a esquina, minimamente
levando a mais bela janela que se abre de repente só pelo
prazer de cantar...
E há esse sussuro mais mínimo que se ouve sugerindo a amplidão
a amplidão toda polar
( o abraço incircunscrito da Vida !... )
à beira Mar !...