Por Dentro...
Me sinto dentro de uma guerra
Onde, todo o meu ódio
Muito alto, berra!
Berro cheio de dor
Como uma criança perdida
Que uma bala acertou
Jogada ao chão evitando ver a ferida
Logo me vejo como um ser maternal
Em meio ao combate procurando sua criança
E me levam ao abrigo, como gesto fraternal
Mas onde está quem em meus braços não balança?!
Tenho um pressentimento ruim
E nesse momento sou um pai
Que em meio à luta encontra o fim
E nos braços de seu menino ferido cai...
O último que encarno é um soldado
Que perdeu a esposa grávida num atentado
E o rancor da sua vida é descontado com um tiro num pai
O coração divaga, mas seu dedo, rancoroso, se contrai...
Sinto com a casca inexpressiva
Passando por companheiros que me chamam
E, me vendo distante, fazem uma cara incompreensiva
Incompreensiva como a face de cada um dos meus personagens...