Arpejo dócil

Eu me sinto no recinto em que a morte nos aguarda

Eu me sinto no recinto em que a morte brada e silenciamos

Eu me sinto no recinto em que a morte nos invade

Eu me sinto no recinto em que adoecemos e aguardamos

Eu me vejo num lampejo inspirado e poético

Eu me vejo num bocejo cansado e pragmático

Eu me vejo num lampejo breve e caótico

Eu me vejo num arpejo dócil e linfático

eu me deito no peito

da dúvida

e a mágoa úmida

impede a cicatrização do ferimento

Eu me deito no leito

protegido por Élida

e a brisa gélida

contempla minha alma cálida

onde o amor for certo

até mesmo a dor será válida

onde o amor for certo

haverá descanso para alma pálida...

Eu prefiro o retiro

Eu prefiro o suspiro

Eu prefiro o ar puro

Algo breve que possa incandescer

Eu prefiro o que não fere

mas espere

se não houver como preferir

eu escolho o anoitecer

onde o amor for certo

até mesmo a dor será válida

onde o amor for certo

haverá descanso para alma pálida...

Alan Medrado