CORRENTEZA

O combate infinito,
Travado dentro da gente,
A angústia, a interrogação, o agito,
Tantos eus sem tangentes,
A vida de vindas e idas,
Vestida de sonhos, rasuras,
O amor, a passagem,
Por sendas escuras,
A presença da morte,
Observadora, silente,
Os recortes,
A lágrima escondida,
Os rumos enviesados,
O peso da bagagem,
As misteriosas veredas,
Os ganhos, as perdas,
Mais perdas do que ganhos,
Os sussurros estranhos,
A chuva, a estiagem,
A mudança da paisagem,
A intimidade,
A vontade desmedida,
Despida de verdade,
O tudo se indo...
No vão da correnteza,
O nada sobrevindo,
Consumindo,
A alma de incertezas,
E a necessidade de coragem,
Para caminhar...
Sem saber onde vai chegar.


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EU TENHO FORÇA

 Lá vou eu nessa corrente,
que me arrasta de roldão,
invade meu corpo, a mente
e, também, meu coração,
que sucumbe abatido,
expectador destemido,
no turbilhão que me leva,
me envolvendo em sua treva...
murmuro uma oração,
que me proteja, me guarde
da inveja, da maldade
e dos fantasmas estranhos
de várias formas e tamanhos,
que só me trazem incerteza.


 Com toda força eu me agarro,
me prendo, luto, me amarro...
Não, não vou na correnteza.


(HLuna)