Centelhas de ilusão perdidas
CENTELHAS DE ILUSÃO PERDIDAS
Meu coração agora incandescente,
que se aproxima de ser pó, ser cinza,
enquanto arde e é ainda quente
mantém um velho chato e ranzinza.
Enquanto o fogo existe, há esperança
na ilusão fingida e na centelha,
onde guardei com fé desde criança
não só o amor, também a minha ovelha.
Hoje já sei que a paz nunca existiu,
que a vida é tempo que escoa fácil
e o sentimento foi mais um ardil
para enganar-me de uma forma grácil.
Por que será que a fé ainda persiste,
entre os escombros desse corpo frágil,
Se no amanhã, por certo, nada existe
e até a mente já será volátil?
Mas, no ocaso desta vida incerta
talvez a paz se chegue e me consagre.
Seguro a fé e fico bem alerta
pra ser o exemplo... Se existir milagre.
São as centelhas de uma ilusão
como esta fé que tanto me fascina,
que indeléveis logo apagarão,
tal qual a luz do dia... Que ilumina?