NOSSAS GERAÇÕES DO MEDO
Nossos anos 70s:
Vamos ficar sentados de mãos dadas na varanda, baby
e assistir ao lindo pôr do sol.
Pode ser que seja o último da nossa vida,
pois a guerra nuclear se avizinha.
Ó garota, vamos viver nosso amor sem grilos,
antes que a bomba atômica exploda.
Nossos anos 80s:
Se a bomba não veio, veio a Imune Deficiência Adquirida.
Eu vivo com medo de me entregar porque agora
o amor livre tem cheiro de morte e não quero
jogar assim displicentemente com a minha sorte.
Quero um contrato de fidelidade, menina,
sem gírias, maluquices e cocaína.
Nossos anos 90s:
O casamento, dizem, serve para tornar as pessoas mais conscientes.
Vamos ter um bebê, e aí bate alguns medos:
A ameaça constante de desemprego e o pouco
dinheiro para dar uma boa educação para o filho.
Não há muita perspectiva de melhora.
Saúde publica negligenciada e insegurança pela violência.
O novo século:
Terrorismo e o poder devastador do crack.
São nossos novos temores somados aos antigos.
Até quando viveremos com medo?
E quando chego cansado do trabalho e beijo a face de minha mulher igualmente esgotada, me vem à mente um único pensamento:
Para onde caminha a humanidade?
Para a aquisição de um amor responsável ou para a sua completa extinção?