A formiga e a rosa
A FORMIGA E A ROSA
Na pétala plangente de uma rosa,
Pendente, a linda gota de orvalho,
Registra a imagem torpe, criminosa,
Da fera, uma formiga, no seu galho,
Cortando sua folha, aonde a vida,
Mantém, ainda verde, a esperança,
Da rosa em ser a flor tão preferida,
Enquanto se aproxima uma criança.
Criança que buscava, no jardim,
A flor que levaria à professora,
Qual prova de amor, respeito, enfim.
Mas quando viu na folha, a agressora,
Cortando, a roseira, sua amiga,
Num ato espontâneo, repelente,
Num tapa, derrubou a tal formiga,
Pisando-a, com raiva, fortemente.
Deixou de dar a prova à professora,
Do amor, que tanto a ela, devotava,
Tornando-se, também, uma agressora,
Do crime que agora consumava,
Julgando ter, a rosa, protegido.
Mas, vendo, ali no chão, toda esmagada,
A pobre da formiga, já, sem vida,
Sentiu-se uma flor despedaçada.
Portanto, a natureza e seus mistérios,
Na pétala da rosa ou na formiga,
Diria pra criança, sem critérios,
Das duas qual seria sua amiga?
Não! Diante da roseira, em evidência,
Aonde a bela rosa feneceu,
A criança olhou pro céu, pediu clemência,
Chorou, pegou a terra, emudeceu.
A gota de orvalho foi ao solo,
Desfez-se toda imagem que gravou,
Na terra umedecida fez-se um colo,
Aonde outra semente germinou.
Roseiras, muitas rosas e formigas,
Perfeitas, numa linda convivência,
São todas, na verdade, grande-amigas,
Só tu, criança, foste interferência.