Olhos d´alma
Não há maior disfarce para o homem senão o de fingir-se a si mesmo, porque é impondo constancia á sua mutabilidade natural , que a alma esvoaça a rabiscar os arremedos das razões inversas e espelhadas do que de fato entre as mãos pode conter.
O galho em sua sinuosidade corpórea que se dobra bruscamente ao adentrar na superfície d´água , enquanto de fato mantém em si as mesmas curvas,tece assim o contato real com aquilo que de fato inexiste. Vejo, e lucidamente sorvo do éter que me rodeia, o fato que não o é deveras.
Sei da inexistência do que meus olhos veem. Tanto quanto sei que outrora não era o toque do minuano a me impingir o tremor ,mas em verdade a febre tida em minha pele .
O mundo sempre a enganar a todos a cada instante, vence a mais intensa vigília. Não resta recurso capaz de superar tendência de tamanha anterioridade.
Viver seguramente é saber do próprio engano, e de ser o que não se é por construções, mas o que se sente na profundeza d´alma.