O LADRÃO
Ó, destino irônico, tardou o arrependimento,
como o ladrão vem sorrateiro,
assim, também faz teu julgamento.
Os tiros anunciaram o instante derradeiro,
perfurando a florença, dando a sentença,
sem piedade, ferindo a imortalidade.
Uma vida tão vazia como a brancura no olho prostrado,
braços abertos, pernas cruzadas, seu fim não foi cultuado.
Tinha apatia para cortar a lenha, agia com desdenha,
diante do labor, morreu sem valor.
Ajoelhada ao chão, acima o despertar da hora,
as lágrimas escorrem no rosto da pobre senhora,
Que clama as alturas: "Por quê? Meu Deus, por quê...?"
Esperando uma resposta para seu pranto,
só o silêncio ecoou sobre a face do santo.
E a pobre senhora, que em seu fim chora,
vê um Céu, como os olhos do filho coberto por um véu.