Por Favor
Homem! Por favor!
Não me corte!
Deixe que eu cresça
e ao transparente ofereça,
sobra para descansar.
Deixa os passarinhos,
construírem seus ninhos,
em meio a meus galhos.
Deixa eu ficar aqui;
o sol, é quente ali;
sombra amiga, lhe darei!
Quando a chuva chegar
e minha copa lavar,
só o verde ficará.
Poderei muito ajudar:
o ar purificar,
frutos doces lhe dar.
Não me corte; por favor!
Se ainda existe amor,
deixe-me crescer!
Só preciso da chuva;
tiro da terra pura,
aquilo que me alimenta.
Homem! Deixa de lado,
o seu machado,
não lhe fiz nenhum mal!
Eu sou sua amiga,
talvez mais antiga,
que você conheceu.
Não posso falar;
mas sei escutar
e pena sentir.
Olha! Pode crer!
Se um dia me ver,
tristonha a chorar,
ouça o que digo:
É por você amigo.
que não pude parar!
Que para construir,
precisa destruir
numa ânsia sem fim.
Que fala de progresso
e usa com processo,
que tanto mal faz.
Pare! Use a cabeça.
Não deixe que pereça,
a natureza que um dia,
Deus fêz para você.
Se nele ainda crê;
pare! Ainda há tempo!
Homem! Por favor!
Me deixe viver!
Daize Dorça, 20/07/1980.