Saturno
Não é alvo o que procuro
Mas o artefato que de fato
Disparado acerta-me
Em movimento
No momento que a mira inconvertida
Disfarçada de algodão
Descansa ao lado insuspeito
Outrora um sim
Outrora um não
Dou folga d´alma
à alma que não tenho
sou o disfarce do vazio
aparente como um ser pleno
Sobre tudo nada sei
Quando me pergunto por quê
Desenho uma resposta em preto e branco
no arco-íris que bate à minha porta surda
Dói-me a razão
Vazão entre eu e a vacuidade
A mesma que me acompanha
Vã e descompassada
Já é tarde e a vida serena
tem até pena
da vida que se esgotou
No céu, ataviado — pobre coitado —
um rastro — é Saturno —
o mesmo que seguindo-me
meus passos não acompanhou