Saturno

Não é alvo o que procuro

Mas o artefato que de fato

Disparado acerta-me

Em movimento

No momento que a mira inconvertida

Disfarçada de algodão

Descansa ao lado insuspeito

Outrora um sim

Outrora um não

Dou folga d´alma

à alma que não tenho

sou o disfarce do vazio

aparente como um ser pleno

Sobre tudo nada sei

Quando me pergunto por quê

Desenho uma resposta em preto e branco

no arco-íris que bate à minha porta surda

Dói-me a razão

Vazão entre eu e a vacuidade

A mesma que me acompanha

Vã e descompassada

Já é tarde e a vida serena

tem até pena

da vida que se esgotou

No céu, ataviado — pobre coitado —

um rastro — é Saturno —

o mesmo que seguindo-me

meus passos não acompanhou

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 09/02/2007
Reeditado em 10/01/2014
Código do texto: T374425
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.