Nosso inverno
Eu quis mover
teus gestos,
tuas mãos trêmulas,
atrelar tua mentira sorridente
ao sabor do beijo tão tímido.
Quis manter a luz desnuda
sobre nosso ato,
a porta entreaberta sob nosso olhar,
a mania de refazer as pazes
num misto de paz nenhuma, além de corpos,
além de carnes.
Mas vai a hora já a atrasar-se,
e vêm as faces ao redor,
veem,
te causam espantos,
te refletem o que eu tento há tantos minutos premeditados.
Eu precisava de atenção.
Eu precisava de um pouco mais.
Eu quis mover meus ossos,
e por mais que eu restasse sozinho,
como estou por hora,
valeram a poesia, sua intenção e as risadas
por não saber amar.
Eu quis mover teus gestos...
na verdade, uma brincadeira
típica do nosso inverno.