Nosso inverno

Eu quis mover

teus gestos,

tuas mãos trêmulas,

atrelar tua mentira sorridente

ao sabor do beijo tão tímido.

Quis manter a luz desnuda

sobre nosso ato,

a porta entreaberta sob nosso olhar,

a mania de refazer as pazes

num misto de paz nenhuma, além de corpos,

além de carnes.

Mas vai a hora já a atrasar-se,

e vêm as faces ao redor,

veem,

te causam espantos,

te refletem o que eu tento há tantos minutos premeditados.

Eu precisava de atenção.

Eu precisava de um pouco mais.

Eu quis mover meus ossos,

e por mais que eu restasse sozinho,

como estou por hora,

valeram a poesia, sua intenção e as risadas

por não saber amar.

Eu quis mover teus gestos...

na verdade, uma brincadeira

típica do nosso inverno.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 25/06/2012
Reeditado em 11/04/2016
Código do texto: T3743250
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