Equilátero




O preço das coisas,
a oração noturna,
a fome de carboidratos,
o perfume das ruas,
a fonte dos desejos,
a falsa penumbra,
o poema de alguns lados,
a faca de dois ou mais gumes,
o frio do ártico,
o espelho que perturba,
a caixa de desculpas,
o chocolate vencido,
as cartas escondidas,
a moça de beira de estrada,
a chama que se apaga,
o futuro que chega,
e o amanhã que se recusa,
a mensagem numa garrafa,
o mar em fúria,
o esquecimento no verso,
e a lembrança avulsa.
Tudo ficou naquele tempo de páginas escuras,
que me lembro quando ouço o Panis Angelicus.

Senti todas as dores que se poderiam suportar,
para que as asas rompessem a pele de minhas costas.
Rasgaram a carne e deslocaram os ossos,
e hoje parece que sou anjo ou super heroi.
Isso é o que dizem quando me veem voar por aí.
Mas não importa o nome que se dá
a seres voadores que se refugiaram do céu.
Todos os nomes nem sempre são coisas,
e nem toda definição traz paz à ignorância.
Agora desapareço por trás desse seu momento,
em que você, tentando entender as frases acima,
não vê que somente não estar mais aqui
é que tem alguma importância.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 24/06/2012
Reeditado em 24/06/2012
Código do texto: T3742448
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