AS FOLHAS SECAS
DO OUTONO...
DO OUTONO...
Nas folhas secas do outono partidas
e nas flores ressequidas perdidas
sossobram corações repartidos...
Medem a idade
das minhas idades
entre idas e vindas...
E nem preciso olhar
na folhinha do calendário
os rosários de minha vida...
Ano seguinte, já disse,
serei de novo, mais novo
que a minha velhice...
Por isso, amo o outono a cada ano
como se fosse a primavera do meu verão
ou o inverno do meu próprio outono...
Tantas vezes até copiando a própria vida.
Pego caneta e lápis sem esquecer a chave
e saio versando, valsando, cantarolando,
espiando o caleidoscópio - interior estetoscópio
que me transporta a diversas formas...
Nas pedrinhas do caminho, entre palavras e brilhantes
vejo o amor por mim passar num circuito inconstante:
Na alegria e alegoria gigantes, pulsar constante,
uma estatueta de argila em massapê fiz, a lhe contemplar...
As folhas secas vagueando a voar, eu vi
junto aos galhos, (*) pecos gravetos de sonhos,
o sentido de tão festejado outono,
a reinaugurar um novo inverno em si...
Tudo em si é cíclico...
o quanto terno é em cada estação:
Primaveras, verões, invernos,
outonos do coração!
E lá vou eu valsando, cantando,
falseteando as agruras da vida
nas lutas sofridas,
jamais perdidas...
(*) No sentido de descartados. Ex: A fruta que se perde antes de amadurecer...