AS FOLHAS SECAS

DO OUTONO...


Nas folhas secas do outono partidas
e nas flores ressequidas perdidas
sossobram corações repartidos...

Medem a idade
das minhas idades
entre idas e vindas...

E nem preciso olhar
na folhinha do calendário
os rosários de minha vida...

Ano seguinte, já disse,
serei de novo, mais novo
que a minha velhice...

Por isso, amo o outono a cada ano
como se fosse a primavera do meu verão
ou o inverno do meu próprio outono...
Tantas vezes até copiando a própria vida.

Pego caneta e lápis sem esquecer a chave
e saio versando, valsando, cantarolando,
espiando o caleidoscópio - interior estetoscópio
que me transporta a diversas formas...

Nas pedrinhas do caminho, entre palavras e brilhantes
vejo o amor por mim passar num circuito inconstante:
Na alegria e alegoria gigantes, pulsar constante,
uma estatueta de argila em massapê fiz, a lhe contemplar...

As folhas secas vagueando a voar, eu vi
junto aos galhos, (*) pecos gravetos de sonhos,
o sentido de tão festejado outono,
a reinaugurar um novo inverno em si...

Tudo em si é cíclico...
o quanto terno é em cada estação:
Primaveras, verões, invernos,
outonos do coração!

E lá vou eu valsando, cantando,
falseteando as agruras da vida
nas lutas sofridas,
jamais perdidas...

(*) No sentido de descartados. Ex: A fruta que se perde antes de amadurecer...
Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 22/06/2012
Reeditado em 22/06/2012
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