A VIDA REAL
Minha mãe não me deixa brincar com fogo,
pois não quer cuidar de menino queimado,
nem quer lavar lençol mijado,
nem me ouvir chorando de dor.
Minha mãe não quer que eu role a ladeira,
nem quebre o nariz na ribanceira,
ou que tente saltar de uma pirambeira,
para cair no meio do lago.
Minha mãe sabe que eu não sei nadar,
nem sei me expressar, nem pedir socorro,
nem andar na rua, nem pegar o ônibus certo,
nem me portar diante das meninas.
Minha mãe reconhece meu vocabulário escasso,
minha gagueira crônica,
minha voz de taquara rachada,
meus braços longos demais.
Minha mãe quer que eu não sofra
e conta histórias com finais felizes,
e canta alegres cirandas
antes de eu dormir.
Mas, além das janelas e portas,
grita por mim, clamando aos berros,
os belos e tristes desafios
da chamada vida real.
E eu quero viver,
nem que seja a dor do mundo!
Minha mãe não me deixa brincar com fogo,
pois não quer cuidar de menino queimado,
nem quer lavar lençol mijado,
nem me ouvir chorando de dor.
Minha mãe não quer que eu role a ladeira,
nem quebre o nariz na ribanceira,
ou que tente saltar de uma pirambeira,
para cair no meio do lago.
Minha mãe sabe que eu não sei nadar,
nem sei me expressar, nem pedir socorro,
nem andar na rua, nem pegar o ônibus certo,
nem me portar diante das meninas.
Minha mãe reconhece meu vocabulário escasso,
minha gagueira crônica,
minha voz de taquara rachada,
meus braços longos demais.
Minha mãe quer que eu não sofra
e conta histórias com finais felizes,
e canta alegres cirandas
antes de eu dormir.
Mas, além das janelas e portas,
grita por mim, clamando aos berros,
os belos e tristes desafios
da chamada vida real.
E eu quero viver,
nem que seja a dor do mundo!