METADE
Meu meio céu e o cheiro de ataduras... Não dá para decifrar o silêncio ainda que espesso quando a noite chega.
Minha alma mergulha em um abismo sem fim, e o escuro se apresenta como um espelho, um reflexo invertido da minha mente dividida injustamente, errônea.
E eu me pergunto de quem é a culpa, afinal?
Se o homem é mesmo capaz de ser bom por natureza, qual a dimensão do escuro que há dentro de cada um, e até onde se é capaz de esconder trevas em trevas?
E aqui jaz o medo. E em mim jaz o medo. E se o medo é o limite, atiro-me livre e nua na noite escura.
Quando você se torna um nada, o nada faz parte de você... o nada é você...e é um todo, ilimitado, desforme, escuro, vazio.
Inerte no meu meio céu artificial, e o cheiro de ataduras que nunca se vai... Assisto e sinto a noite passar e sou parte dela,
sou toda ela, seu escuro me leva, e me deixa aqui se roupa, sem medo, sem alma, sem nada, sendo o nada.