Quem ama sempre espera ser amado,
há troca,
há multiplicação do sentimento.
O amor sem troca é o amor platônico,
e esse é unilateral.
Ë utopia dizer não haver interesse pleno
entre homem e mulher que predispõe a amar.
A troca no amor está implicita na espiritualidade, no avanço do ser interior,
A troca se resume no mocambo entre querer,
fazer ou deixar de fazer.
Trocas de sentimentos,
trocas de desejos,
Trocas de carinho,
Ternura.
Eu não posso dar carinho,
E não receber na mesma intensidade.
Troca de fluidos,
troca de beijos,
Troca de abraços,
Troca de prazer.
Tudo por amor,
E se existe essa trocas,
é porque o amor é uma eterna troca,
troca-se tudo,
para que esse amor seja forte e tenha valido a pena.
Só se doa aquilo que não se espera de volta,
Aquilo que pode desprender de nós,
que pode ir sem voltar.
Só não se troca, aquilo que  só a nós pertence.
Na troca, trocamos o que é nosso pelo que é do outro e vice e versa.
Sem troca não há afinidade,
Sem troca não há prosperidade,
Sem troca não há identidade.
Por isto que a meu ver,
O amor é uma eterna troca.
O amaor contemporâneo é parceria,
Troca de experiências,
Sabedorias,
Troca de tudo que as almas que se amam,
tem de mais puro e que se identifica
como o amor.
E tenho dito.






Não Pode Existir Amor Sem Verdadeira Troca

Não te lembras de ter encontrado na vida aquela que se considera um ídolo? Que havia ela de receber do amor? Tudo, até a tua alegria de a encontrares, se torna homenagem para ela. Mas, quanto mais a homenagem custa, mais vale: ela saborearia melhor o teu desespero.
Ela devora sem se alimentar. Ela apodera-se de ti para te queimar à sua honra. Ela é semelhante a um forno crematório. Ela, na sua avareza, enriquece-se de várias capturas, julgando encontrar a alegria nessa acumulação. E não acumula mais do que cinzas. Porque o verdadeiro uso dos teus dons era caminho de um para o outro, e não captura.
Ela verá penhores nos teus dons e abster-se-á de tos conceder em paga. Na falta de arrebatamentos que te satisfariam, a falsa reserva dela far-te-á ver que a comunhão dispensa sinais. É marca da impotência para amar, não elevação do amor. Se o escultor despreza a argila, terá de modelar o vento. Se o teu amor despreza os sinais do amor a pretexto de atingir a essência, o teu amor não passa de um palavreado. Não descuides as felicitações, nem os presentes, nem os testemunhos.Serias capaz de amar a propriedade, se fosses excluindo dela, um por um, como supérfluos, porque particulares demais, o moinho, o rebanho, a casa? Como construir o amor, que é rosto lido através da urdidura, se não há urdidura sobre a qual escrever?

Sem cerimonial de pedras, não haveira catedral.
Nem haverá amor sem cerimonial em vistas do amor. Eu só atinjo a essência da árvore se ela modelou lentamente a terra segundo o ceriomonial das raízes, do tronco e dos ramos. Nessa altura, ela é una. Tal árvore e não uma outra.
Mas aquela acolá desdenha as trocas, que a haviam de fazer nascer. Ela procura no amor um objecto capturável. E esse amor não tem significado algum.
Ela julga que o amor é presente que ela pode fechar nela. Se tu a amas, é porque ela te conquistou. Ela fecha-te nela, convencida de enriquecer. Ora o amor não e tesouro a conquistar, mas obrigação de parte a parte, fruto de um cerimonial aceite, rosto dos caminhos da troca.
Jamais essa mulher nascerá. Só de uma rede de laços se pode nascer. Ela continuará a ser semente abortada, poder por empregar, alma e coração secos. Ela há-de envelhecer funebremente, entregue à vaidade das suas capturas.
Tu não podes atribuir nada a ti próprio. Não és cofre nenhum. És o nó da diversidade. O templo, também é sentido das pedras.

Antoine de Saint-Exupéry, in "Cidadela"

Publicado por pns em setembro 17, 2009 09:11 AM
 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 13/06/2012
Código do texto: T3721896
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