Ratos e ratos
Ratos, malditos roedores.
Roem o queijo, roem a alma
Do poeta que não sabe rimar,
Do escritor que não sabe escrever,
Do religioso cético,
Do filósofo que não pergunta o porquê.
Roem corações ainda inteiros,
sedentos por um primeiro amor.
Rato, maldito roedor.
Certa vez roeu o dedo de uma dama,
enquanto esta jogava xadrez.
Ratos atletas:
Correm, pulam, transam e morrem.
Há ratos que possuem canções.
Não, cânticos de guerra!
Lutam pela sobrevivência,
Fogem de vassouradas e ratoeiras.
Há ratos que vivem no congresso,
usam terno e gravata.
Estes nada temem:
nem ordem, nem progresso.
Há ratos e ratos.