Desculpem amigos, não tenho mais tempo!

Desculpem amigos, não tenho mais tempo!

Jorge Linhaça

Não tenho tempo de esperar parado

Pelas mudanças sempre necessárias

Não tenho tempo de ficar calado

Crendo que a fala não vale de nada

Não tenho tempo de olhar o futuro

Sentado, inerte, encima do muro,

Vendo o estouro da gente manada

Não tenho tempo, não tenho mais tempo,

Pois a areia me escorre das mãos

Não tenho tempo para os contratempos

Pro exercício, de mil versos vãos.

Não tenho tempo, perdoe-me Deus,

Por todo o tempo que tenho perdido

Dando ouvidos aos desejos meus

Sendo por eles apenas movido

Resta-me o tempo, o tempo de agir,

De fazer parte, não só esperar,

Olhos atentos, espada a brandir,

Músculos tesos nadando no mar.

Eis que o tempo, o quinto elemento,

Não se extingue e nem é controlado

Foge das mãos, como foge o vento,

Une o futuro, o presente e o passado.

Monto no tempo, cavalo bravio,

Ágil mustangue com cascos de fogo

Sou cavaleiro em meio ao estio

Até que chuva me faça o renovo

Sobre minh’alma já desce o sereno

Que venham chuva, raios e trovões,

Que venha o frio e o calor extremo

E eu e o tempo sejamos irmãos.

Amalgamados em nossa ventura

Tracemos linhas criando utopias

C’ outros se unam à nossa aventura

Tornando reais, nossas fantasias.

Salvador, 9 de junho de 2012.