SOBREVIVENTES

... Eu e você

Vivemos assim intensamente

A mercê deste imenso paraíso

Do gosto a face distante,

Dos desatinos a uma constante,

Da alegria a um soluço relevante...

No rosto um sorriso interessante...

Do momento um breve instante...

Somos broncos e apaixonados,

Brancos, mestiços e misturados

Somos ricos esparramados...

Às vezes pobres injustiçados

Somos políticos mal politizados...

Às vezes estamos em chamas,

Outras vezes apagados...

... Eu e você

Vivemos assim intensamente

Como linhas esboçadas,

Delineadas pelas ruas e calçadas

Como figuras desenhadas

Em folhas de papéis cortadas...

Sentimento sem sentido,

Expostos em nossas feras bocas

Como as presas dos leões...

Somos meras perguntas ocas

Sem respostas e sem soluções...

Somos beiras sem beiradas

Como as pedras lapidadas

Por ladeiras espalhadas

Nas cachoeiras encaixadas...

Como as águas enfileiradas

Que das fontes descem caladas

Pra lavar as faces cansadas...

... Eu e você

Vivemos assim intensamente

Como as ilhas encolhidas nas encostas

Como as trilhas são caminhos sem propostas

Como as cores ao arco-íris são impostas

Como os barcos que navegam pelas costas ...

Pescadores sem pescados

Amadores sem amados

Das feridas somos dor

E do amor, somos pecado...

Às vezes sentimos calor

Outras vezes um frio danado

Às vezes nos sentimos soltos

Outras vezes enjaulados...

... Eu e você

Vivemos assim intensamente,

A mercê deste imenso paraíso...

Que do qual somos somente,

Pequenos entes sobreviventes!

Autor: Valter Pio dos Santos

Jun-2012

Valtin Kbça Dipoeta
Enviado por Valtin Kbça Dipoeta em 08/06/2012
Reeditado em 05/08/2013
Código do texto: T3713500
Classificação de conteúdo: seguro
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