= No silêncio da alma =
No entardecer da vida,
Minha alma fez silêncio.
Observadora e quieta,
Tornou-se em uma pequena passarela.
Ali, desfilaram os dias passados.
Aqueles que eu os fiz... amargos.
Todos vestidos de dourado,
Exuberantes como reis falidos
Sem lágrimas ou sofrimentos,
Agora esquecidos.
Os dias que os fiz... ressentido.
Com suas alegorias prateadas
Reluzentes, e agora, de brilhos opacos,
Sem valor, sem sentido,
Dias perdidos.
Os dias que eu os fiz... excessivamente vaidosos.
Com plumas e paetês
Agora, pés descalços.
Sem crença, sem glamour,
Quase imperceptíveis.
De cabeças baixas.
Não deixou saudade.
Os dias que os fiz... egoista.
Nossa...
A passarela ficou deserta
Em silêncio, ao fundo,
Apenas uma macha fúnebre
Luz tímida o ornamenta.
Os dias que eu os fiz... humilde e amoroso.
Estes não desfilaram
Estavam de mãos dadas com a felicidade
Repudiando aquela horrível parada.
Aplaudiram de pé, os dias mudados.
Antônio Tavares