DENTRO DO PEITO DO DIA

O céu abriu um imenso rasgo

O papel

mostrava uma ponta do Sol

circular, como traçado a compasso

mas no grau

mínimo

Nascia no Dia Nascia

tudo era concreto como um tecido

ou uma borla dependurada

ou uma teia inteira ___ a aranha da madrugada

pássaros pretos descreviam um voo turvo

e o jardim se escondia na dobra

do muro

Alicates seguravam essa brasa a traziam

como hóstia ao coração

O desenho das frutas estava pintalgado e insolúvel de

gotas de água

havia uma faca à espera

pousada num pires liso e lindo

tudo rasgado esperava as linhas de

cosimento

com agulha e mãos firmes e

bastidores para o longo bordado

assim o dia nascia

e de repente e aurisplendente

Cavo como a ausência do peito

Engasgado como maçanetas que não se abrem indiferentes

turvilíneo no que se abria o Sol se escondia

dentro do peito do Dia

e era quente !...

Jorge Sunny
Enviado por Jorge Sunny em 30/05/2012
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