Minhas invenções
Eu reinventei todas as festas, todos os arco-íris dos triunfos, todos
Os psicodramas. Tentei inventar novíssimas flores do mal, novos
Zoroastros, uma nova metalinguagem. Acreditei que tinha poderes
Sobrenaturais, astrais... Que nada, meu camarada! Devo desenterrar
Minha imaginação e minhas saudosas lembranças! Uma bela e vã glória
De artista e de criador arrebatado, de coração e corpo despedaçados!
E todos os corações despedaçados devem ir para os olhos do cu!
Eu estava nu e fedia qual macaco, feito gambá bêbado de sovaco...
E todos os corações arrebatados de ir tomar nos olhos do seu cu!
Eu briguei como o amor e por conseguinte me afastei das bênçãos,
Todos os crimes e insubmissões de repente me recompesam agora...
Eu fui tomar bem no meio do meu cu e reinventei também todas cheias
E incadescentes auroras, bem no meio da mais cruel de todas as horas!
Eu inventei novo poema e renovei todas as rimas e suas cantilenas...
Agora vou juntando os meus dólares, bitucas de cigarro apagadas na
Cesta de lixo de todas as praças e parques e lugares perdidos e sós
Abandonados aos nuances embriagados do majestoso rei dos reis sol.
Eu inventei a depressão em si bemol, o impulso suicida em lá maior.
Criei vogais com sons ásperos e consoantes embebidas num lisérgico
Ácido, tenho como amigo meus pés carcomidos no calcanhar e um
Desejo incorruptível de amar: e nada mais está fora de seu real lugar!