Devaneio

No labirinto das vaidades emplumadas.

O aroma da rosa espalha-se como gás venenoso.

Na aurora dos dias plácidos e sedentos.

A cálida brisa carrega nas asas uma pétala vermelha.

No céu uma nuvem branca pode esconder uma bomba.

O espinho o coração do rouxinol não sangra.

Nas veredas da nevoa que o tempo anseia.

A gota de orvalho do seio pálido escorre.

Nos flácidos e gélidos sorrisos de malva-rosa.

O canto da cotovia anuncia o descer das cortinas.

Na água cristalina que escorre pelas veias.

A poça de sangue em seus pés anuncia o fim da estação.

No brilho do sol em seus olhos graves.

O tempo corre como fitas de cetim negro nas mãos das Moiras.

Na cantiga de ninar que ecoa nas trevas.

A intempestiva orquestra celestial não erra.

No soluço estrangulado no gelo.

O beijo sedento, no vinho afoga-se.

Nas pedras inóspitas e cinzentas.

A uma rosa vermelha, denomina-se milagre.