OLHOS PROFUNDOS
Vivemos às margens do século vinte e um
Com as velhas sombras dos velhos pesadelos
Contando os passos, cortando atalhos
Seguindo um rumo, só que em outra direção
Com os mesmos olhos noutros olhares
Sob os mesmos lares em outros lugares
Vivemos assim, contando histórias
Orando no templo e escrevendo o tempo
Inda gravado na memória
Desses olhos amargos de olhares profundos
Desamados e desencantados
Como profanos na contramão
Quão um trem descarrilhado
Que perdeste o condutor
Como lemes sem regatas
Regados aos nós das gravatas
Renegados, sem mantilha e sem cobertor
Às margens do século vinte e um
Sobre a face desse mesmo chão
Só que noutro tempo, numa nova edição
Que deveremos ler com os mesmos olhos
Sobre a sombra, daqueles velhos pesadelos!
Autor: Valter Pio dos Santos
Jul-2002