OLHOS PROFUNDOS

Vivemos às margens do século vinte e um

Com as velhas sombras dos velhos pesadelos

Contando os passos, cortando atalhos

Seguindo um rumo, só que em outra direção

Com os mesmos olhos noutros olhares

Sob os mesmos lares em outros lugares

Vivemos assim, contando histórias

Orando no templo e escrevendo o tempo

Inda gravado na memória

Desses olhos amargos de olhares profundos

Desamados e desencantados

Como profanos na contramão

Quão um trem descarrilhado

Que perdeste o condutor

Como lemes sem regatas

Regados aos nós das gravatas

Renegados, sem mantilha e sem cobertor

Às margens do século vinte e um

Sobre a face desse mesmo chão

Só que noutro tempo, numa nova edição

Que deveremos ler com os mesmos olhos

Sobre a sombra, daqueles velhos pesadelos!

Autor: Valter Pio dos Santos

Jul-2002

Valtin Kbça Dipoeta
Enviado por Valtin Kbça Dipoeta em 29/05/2012
Reeditado em 14/06/2024
Código do texto: T3694301
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