DISCERNIMENTO DO NADA

É bom o tempo perdido nas horas vagas

Pois, é na vadiagem que saem os melhores pensamentos.

E cada ápice de idéia reflete a gana e o sonho

Numa vontade quase inigualável,

Quase homogênea no caminhar das labutas.

A quimera dos nossos dias emana dos anseios da alma

Calada na embriaguez das vaidades.

A mudez é apenas fotografia tirada no escuro

E nada pode revelá-a ao exterior de nós mesmos,

Só a inquietação e a ruptura da verdade

Como um colírio que submerge da luz.

Sabemos, então, colher o regozijo em pitadas

De amanhãs e em promessas segregadas

Da coerência da vida?

Se sabemos, não encontro a resposta concreta,

Mas no abstrato das palavras há a réplica

Camuflada na ironia do pensar maduro.

E as palavras não são minhas nem de ninguém

Além ou aquém do texto,

São de alienígenas do futuro,

Donos do saber sem sentido que trará sentido depois.

Que é o entendimento do nada?

É o conceito da totalidade universal,

Somos nada navegando no vão do nada

E querendo, assim mesmo com gerúndio,

Entender o óbvio da inexistência.

Somos apenas um lapso de tempo no discernimento

De nós mesmos.

Depois, somos como as estrelas, tudo e nada.

E é entre o tudo e o nada que mora a verdade

De ser ou não ser.

De resto, somos uma grande corrente de nada

Voando pela energia do tudo.

Há uma grande relação entre

Existir para nós mesmos em unidade com

O todo e a grande força que rege

O universo que nos norteia por dentro e por fora:

O amor.

Mas nesse campo apenas sou coadjuvante

Esperando uma chance em atuar

Com um papel principal.

Deixemos estas reflexões para depois...

Márcio Ahimsa
Enviado por Márcio Ahimsa em 03/02/2007
Código do texto: T368642