DISCERNIMENTO DO NADA
É bom o tempo perdido nas horas vagas
Pois, é na vadiagem que saem os melhores pensamentos.
E cada ápice de idéia reflete a gana e o sonho
Numa vontade quase inigualável,
Quase homogênea no caminhar das labutas.
A quimera dos nossos dias emana dos anseios da alma
Calada na embriaguez das vaidades.
A mudez é apenas fotografia tirada no escuro
E nada pode revelá-a ao exterior de nós mesmos,
Só a inquietação e a ruptura da verdade
Como um colírio que submerge da luz.
Sabemos, então, colher o regozijo em pitadas
De amanhãs e em promessas segregadas
Da coerência da vida?
Se sabemos, não encontro a resposta concreta,
Mas no abstrato das palavras há a réplica
Camuflada na ironia do pensar maduro.
E as palavras não são minhas nem de ninguém
Além ou aquém do texto,
São de alienígenas do futuro,
Donos do saber sem sentido que trará sentido depois.
Que é o entendimento do nada?
É o conceito da totalidade universal,
Somos nada navegando no vão do nada
E querendo, assim mesmo com gerúndio,
Entender o óbvio da inexistência.
Somos apenas um lapso de tempo no discernimento
De nós mesmos.
Depois, somos como as estrelas, tudo e nada.
E é entre o tudo e o nada que mora a verdade
De ser ou não ser.
De resto, somos uma grande corrente de nada
Voando pela energia do tudo.
Há uma grande relação entre
Existir para nós mesmos em unidade com
O todo e a grande força que rege
O universo que nos norteia por dentro e por fora:
O amor.
Mas nesse campo apenas sou coadjuvante
Esperando uma chance em atuar
Com um papel principal.
Deixemos estas reflexões para depois...