PARADOXOS



 
A minha carne
É carne igual a sua:
Se corto, sangra;
Se levo pancada, magoa;
Se firo, dói;
Se acarinho, sente ternura;
Se aquece, sua;
Se esfria, se arrepia...
A minha carne sente
Tudo o que sente a sua,
Porque a matéria de que é feita a nossa carne
É a mesma matéria de qualquer outro ser hunamo.
E eu não me engano
Não se engane também:
Ninguém é melhor que ninguém!...
Todos somos formados pelo mesmo mistério de vida.
Igualmente, saímos de uma madre
E entramos nesse mundo sem pedir licença
Crescemos... Produzimos... definhamos
E enfim, partimos dele sem querermos ir...
E a terra que cobrirá o meu corpo
Igualmente cobrirá o seu...
E tanto a sua, como a minha carne
Servirá de alimento para os vermes
De esterco para o chão
Não importa a aparência, status social, condição financeira ou religião...
Seja alto ou baixo,
Gordo ou magro,
Branco, preto ou amarelo,
Rico ou pobre...
Sangue plebeu ou sangue nobre...
O nascer e o morrer nos coloca na mesma condição
E vida... E morte...
São apenas marcos de uma existência
Presa e limitada numa matéria que envelhece, morre e se deteriora...
A soberba de se achar melhor que os outros
Não muda essa condição...
A matéria limitante...
Que comporta e confina minha alma
É igual a sua
Mesmo sendo eu
Tão diferente de você...


 


                                                            (Salvador Dali)
 
Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 22/05/2012


 
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 22/05/2012
Reeditado em 04/08/2014
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