Mais um Devaneio
Divina fantasia
Arte sacra pulsante de Eros
Dormes em leito de paz
enquanto em lágrimas de alma
me afogo
Separado fui da proteção, do carinho
e em teu ventre materno sozinho
flutuei as noites em águas escuras
Divina fantasia
protege-me do bem e do mal
e sendo em mais um poema, imortal,
sou livre ao teu amor!
Amo de longe, ao longe, mais longe ainda
vai o meu amor
Perdido e vivido em outrora
se faz sobreviver em mais uma
aurora!
Sinto saudade! Das nossas conversas,
das doces promessas, do teu arco-íris!
És para mim o todo céu e eu apenas uma nuvem a vagar
fazendo escurecer o papel de cinza
que sou!
Sou teu! Por toda eternidade teu!
Um pobre servo das minhas
contradições
E quais corações não se fazem mais enamorados a luz da dicotomia?
És força vital, de tudo que pulsa, sua lembrança me dá vida
e ainda assim sem curar a ferida
mais uma vez digo ser livre!
Livre ao sol do céu infindo
para queimar em fogo de catarse
dos talentos que cultivo para amenizar munha desgraça, perdidamente entregue ao luto
E antes que me esqueça preciso
fazer viver minha discórdia,
eterna discórdia
de amor sublime e exacerbado a
me indagar como se perde o encanto,
o encanto,
glorificado por inocente pranto
se faz o melhor de mim!
O amor é a marca impressa subjetiva
da conduta da alma
e fazendo da calma
mais uma vez te peço perdão
princesa de ouro trancada
por um anjo guardião
Te deixo livre para melhor
ama-lá!
Deita-lá!
Tanta mágoa guardada
e essa garanto é a síntese de Hermes
petrificando meu ego em exaustão
cantada, são versos!
Poéticos para os que enxergam o céu
Trágicos para os que veem o sol
Sou tripulante, barqueiro a procurar
o farol!
O que será meu eu então?
Um ébrio devaneio a divagar?
A procurar em memória o teu colo abraçar?
Sim! Um trovador como sempre!
A cantar e a morrer
Fazendo o velho rejuvenescer
me entregar ao véu da dor!
Dor que purifica, que acolhe o hipócrita,
que sabe para onde todos nós vamos
que entende o valor do sacrifício
Que entre invernos e primaveras
faz florescer o frio que é cegar!
Abster-se da maturidade e preferir
a inocência
de voltar a infância e inventar uma nova história
Recomeçar!
E é querendo que se conquista o mundo, o
infinito!
E o que é seu coração? Ainda mais
bonito!
E é com força que se levanta um fraco
Com o poder das palavras
Cativando o esplendor
Forçando a morte a te trazer
de volta
Sonhando um diz gozar de sua
escolta
nos meus pesadelos!
Lograr de serenidade
sendo uma flor lançada a cada
maldade
e um beijo para cada sopro
de mediocridade!
O céu conspira somente aos que
amam, aos que amam com paixão
e vivenciam na razão do conflito
um novo mundo, mais bonito, mais
sentimental
E essa minha verdade
És mais que tola caridade
vilipendiando a mentira dos que se dizem
justos
Mas que justiça é essa que me nega
teu eu?
Que condena e não responde ao espelho?
Pobres seres, que se sentem fortes
mas pereceram na existência sem ter vivido
um amor comparado ao meu, ao nosso
confesso!
E da minha incoerência sensata, que ressuscita, que mata,
amedronta o estranho
E doce sou! Tão doce como o vento que
assanha seus cabelos, suave, deslizando
por sua tez!
E errado fui! Ansioso por respostas
formuladas por questionamentos que iam
além da minha prática!
Mas mágica foi nossa história!
Dois polos de uma mesma essência
saturados pela discórdia
provindas de mentalidade muito
próximas, que de tanto serem,
se fundiram e no presente faz-se difícil
separar-se!
E o que hoje somos?
Além de toda especulação subjetiva?
Dois corpos que se cruzam em meio
a uma manada faminta
caminhando ao norte, perdendo
e comprando bússolas,
temendo sempre a sorte!
E o que me causa desconforto?
Saber que estás perto mas saber
também que a todo instante grãos
de areia caem ao sul, fazendo
nossa história ficar cada vez
mais longe!
Desventurado sou por amar assim?
E que aventura maior que está?
Mais uma vez a dicotomia presente
fazendo valer reflexões inconsistentes
acalmada pelo desânimo
Mas de qualquer maneira deixo meu registro
aqui guardado,
com todo amor do mundo,
Meu Anjo Sagrado!