O Trem da Vida

Num certo dia, nós chegamos,

Em um certo dia, nós partiremos.

Nossa vida é feita de tempo e de caminhos,

E nestas estradas do destino,

Tantas pessoas conhecemos.

Com elas compartilhamos a caminhada,

Observamos no trajeto muitas belas flores

Em seus deslumbrantes e coloridos jardins.

Algumas carregam muitos espinhos,

Que espetam a nossa pele e fazem doer a nossas almas.

Com outras devemos ter muito cuidado,

Pois elas carregam em suas folhas,

Um forte e amargo veneno letal,

Se formos contaminados por ele,

Poderá até ser fatal.

E assim seguimos, acostumados com as belezas da vida,

Mas também com as dores e seus amargores,

E ao anoitecer descansamos,

Ouvindo o som do tic-tac do relógio,

E ao som do trem, aguardamos o amanhecer.

Quando amanhece, sentimo-nos melhores,

Mais dispostos, mais fortes, cheios de vigores.

Seguimos com novas esperanças,

E durante o entardecer, já traçamos novas metas,

Criamos novas esperanças, novos valores.

Mas como a vida é bonita, porém não é nada fácil,

Derretemos sob o calor escaldante do Sol,

Para que ao anoitecer, como recompensa,

Possamos ter novos sonhos,

Enquanto apreciamos a beleza da luz da Lua.

Caminhamos entre flores da primavera,

Exalamos o suor do quente verão,

Observamos o cair das folhas secas do outono,

Recolhemos-nos sob o frio intenso do inverno.

As vezes nos sentimos no céu, outras nos sentimos no inferno.

Tantas emoções vividas,

Nas chegadas, muitas alegrias,

Nas partidas, abrem-se muitas feridas,

Muitas dores sentidas a cada despedida.

A cada saudade deixada, cada saudade sentida.

A vida é assim, um vai e vem,

Um que veio e um que foi.

Um que chega para ficar,

Um que chega e logo vai, volta e vai,

Outro que vai e não volta mais.

Tem aqueles que nem vieram,

E aqueles tão especiais,

Que nos deixam marcas,

Algumas de alegrias, outras de tristeza,

Ou de saudades, que de nós nunca mais sai.

Carregamos nestas andanças

Muitas recordações,

Olhamos para traz,

Na tentativa de nos resgatar,

Através das lembranças.

É preciso as vezes parar

Alguns minutos para pensar,

Fechar-se, recolher-se

Dentro de nosso ser,

Para um balanço.

Medir o que foi compreendido, o amor que foi dado,

O quanto pedimos perdão e o quanto foi perdoado.

Só assim, poderemos seguir em frente,

Tentando ser pessoas melhores,

E encontrarmos a nossa tão sonhada paz.

Saudades nós sentiremos, também as deixaremos,

Saudades sentirão, saudades as deixarão,

E o que plantamos, colhemos e levamos conosco,

E será então, também o que ficará semeado

Nos corações dos que aqui ficarão.

Devemos sorrir, podemos chorar,

Precisamos crescer, para assim,

Amadurecer, multiplicar.

No aconchego da prole,

Envelhecer, até a despedida.

Mas alguns nem chegam a envelhecer.

Tem seus planos e se interromper.

Mas assim é a vida, fazer o quê?

Já percebi que não vivemos para algo entender

Apenas vivemos, enquanto assim, o tempo nos permitir.

Somos feitos de uma grande parte de água,

E nossas águas formam vários rios

Que seguem incansavelmente,

Calmamente ou desesperadamente,

Na busca de se desaguarem para o mesmo mar.

Olhemos para o Mar!

Paremos para apreciar o Sol,

Paremos para enamorar a nossa Lua,

Paremos para contemplar as Estrelas,

Cuidemos de nossos Jardins.

Cuidemos de nossos Amores,

Fiquemos sempre que possível ao seu lado.

Não economizemos os beijos, os abraços,

Não economizemos atenção, carinho, o afago,

Não desfaçamos os laços com as nossas famílias.

Pois chegará um dia

Que já não mais haverá outro dia,

Chegará uma hora

Que já não haverá outra vez, outra hora.

Um dia o nosso relógio para de vez.

Esta é uma sensação que não queremos ter,

Que não conseguimos imaginar como será,

Mas irônico é saber, que esta é a única certeza

Que temos desta nossa caminhada,

A linha do trem tem partida, mas também tem chegada.

E o que deixamos, ficará com as próximas gerações,

Vindas das futuras estações,

Serão novos tempos, novos caminhos,

Novas estradas, novos destinos.

Sobre trilhos do trem da vida, num ciclo sem fim.