A Gênesis do Eu e do Outro
Quando me vejo me espanto
Criatura no delírio da criação
De tanto ser me encanto
Do meu não conhecer, minha aflição
De ato me encontro nesse palco
Teatro de loucura e razão
Que serei eu?
Que os outros serão?
Face a face me desconheço
Desconcerto de não me saber
Das máscaras que me faço
É isto, eu, estranho ser?
E eles quem serão?
Os outros que são para eu ser?
Reflexos convexos dos meus pudores
Sonhadores, santos ou ateus?
Me perco no sentido exato
Busco no tato visão, sem ver
Que serei eu?
Que será você?
Um Novo Adão e uma Despropositada Eva
Entre o pecado falso e o verdadeiro prazer
Destrinchando da luz a face da treva
Se estranhando para se conhecer
Ao crer, me produzo, me induzo
Sou um produto do seu entender
Eu sou também os outros
Que precisam de mim para ser
Daqui não sei o que penso
Refletir ou apenas conceber
Ferrenho e caótico conflito
Se esvaindo entre o sentido e o saber
Mas quando me vejo no rosto do espanto
Em atos orquestrados paraa me entender
Se não sou nem o profano nem o santo
Que serei eu e você?
Apenas humanos essências puras do ser