A Penumbra dos Sete Véus
Tenho sete véus cobrindo-me a face oculta.
O primeiro está sob o edredom com medo.
O segundo está na perna manca suando.
O terceiro está sob vigília no barco do sono.
O quarto está na cadeira paralítica da inércia.
O quinto está na espera ansiosa e grita.
O sexto está nas mãos do amor e sonha.
O sétimo está na esperança que dá vida.
Do medo eu quero fugir, mas os olhos retos eu vou olhar.
Com a perna manca eu vou correr, pular, saltar.
Na vigília do sono, eu vou contar carneirinhos.
Na cadeira paralítica, vou subir rampas e escadas.
Na espera, vou tornar a angústia uma melodia que canta.
Em posse do amor, vou distribuí-lo, entregá-lo, ser-me.
Na esperança vou dançar como cisnes no lago e ser feliz.