MORENIDADE
Espantam-se quando digo que sou negra,
Corrigi-me dizendo: Não, tu és morena!
Em meu registro estou como parda,
Minha cor não é tão acentuada,
Não sou branca, não sou preta,
Sou uma mulher desfigurada.
Tenho cabelo crespo,
Que chamam de pixaim,
Quando solto, deixo black,
Não hesitam em zombar de mim.
Olham-me de nariz torto,
De olho atravessado,
Dizendo: Olha a neguinha ai do seu lado.
Passei anos me dizendo morena,
Negando minha ancestralidade,
Hoje não quero saber desta falsa verdade.
Sou negra, e não me engano com essa tal,
Morenidade.