O estranho

O estranho que me olha nas sombras

tem aspecto duvidoso,

ele olha e não olha

quando muito observa de soslaio.

Se é um bichano, eu não sei,

mas parece.

Ele vê as minhas neuras,

as minhas heresias,

ele vê as minhas discrepâncias,

os meus infortúnios, os meus tratados não cumpridos,

as minhas falsas alegrias,

meus momentos sorumbáticos, meus acessos de ódio,

ele vê as distorções da minha alma.

Os gritos abafados no travesseiro,

as tragédias gregas,

os amores não consumados.

Sobretudo,

ele vê as minhas entranhas.

O estranho sente quando eu tento tocá-lo,

ele se afasta.

Um cachorro não é, tenho certeza,

deve ser um bichano.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 24/04/2012
Código do texto: T3630334
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