Artesão

Dá-me um livro, dar-te-ei a missa.

Dá-me poder, dar-te-ei a omissa.

Dá-me a paz, dar-te-ei a preguiça.

Dá-me ódio, dar-te-ei a injustiça.

Dá-me cordas, dar-te-ei a lira.

Dá-me insegurança, dar-te-ei a mentira.

Dá-me aço, dar-te-ei algo que fira.

Dá-me ignorância, dar-te-ei a ira.

Dá-me a dor, dar-te-ei a outra face.

Dá-me amor, dar-te-ei a verdade.

Dá-me solidão, dar-te-ei a saudade.

Dá-me sorriso, dar-te-ei amizade.

Com o livro tens muito poderes;

Com poder, tens que te esconderes;

Com a paz tens mais afazeres;

Com o ódio, ódio de outros seres.

Com as cordas tocarás muitas canções.

Com a insegurança, prende-te em grilhões.

Com o aço cortarás grandes trovões.

Com a ignorância perderás muitos milhões.

E com a dor ganharás grandes lições.

Pois o toda dor dá força aos corações.

E as solidões? Saiba, não são reais .

Quem é amado não é só, jamais.

Sentes saudades? Apenas sorria.

Tens amizades, pense com alegria...

Se tens a vida, viva-a intensamente;

Serás assim lembrado eternamente.

Dá-me tudo, artesão,

Dar-te-ei, então

Em verdade...

A felicidade.