Poema cor-de-tudo-a-fugir

hoje sobrou-me tempo ainda em bom estado

e fiquei sem saber bem onde guardá-lo

.

sem bolsos, sem bolsas, arca velha ou cesta

restam-me as mãos em declínios de terça

e o tempo a subir-me rastejos de cinza

de céus cabisbaixos sem azul que os tinja

nem segundos propósitos a cair de cansados

só mancos minutos tropeçando inexactos

.

hoje sobrou-me tempo e não sei que lhe faça

faz-me falta o ontem, não há quem mo traga

?