Rascunho de mim...
A princípio meramente um borrão de minh’alma...
Uma centelha quase apagada daquilo que fui...
No papel branco, incólume e sem marcas...
Traços precisos se sucediam, como um filme...
Era o desenho de mim que teimava em surgir...
Um testemunho débil daquilo que fui outrora...
E tomava forma, aquele esboço fraco, sem cor...
Apenas pela força de um sentimento...
Ali surgia pelo traço do desenhista, meu rosto...
Cansado, sofrido, desgastado pelo tempo...
E ainda sim, também podia se ver um olhar inquieto...
Olhos pequenos e expressivos de intensidade ímpar...
Podia se ver um breve sorriso nos lábios...
Cavanhaque embranquecido em contraponto ao rosto de menino...
Dava-me um ar de anos de mistérios...
E os óculos na ponta do nariz concedia seu ar de sabedoria...
Os cabelos grisalhos surgiam então aos poucos...
Revelando a maturidade alcançada pela vida...
O artista, com seu lápis, acaba então por desenhar um sentir...
Um amor contido, de muitos anos perdido, naquele rosto...
Naquele rosto, recém desenhado e inacabado...
Estava desenhada a minha própria face...
Olhando-me ainda que incompleta...
Quando me atenho a ela, pergunto-me...
O que está me faltando, meu Deus?
O que devo ainda esperar desta vida?
Será o artista vai terminar seu trabalho?
Por quanto tempo eu ainda olharei para o rascunho de mim...?