Por entre os dedos
Meus dedos reclamam demais...
Parecem estar morrendo de tédio
ou de algum amor estranho,
ou apenas de frio, sei lá.
Os dedos reclamam,
sugerindo poesias sacanas,
supondo segredos esquisitos,
falando mal da vida alheia,
palavreando em prosa
tantos versos escondidos.
Talvez eles sejam uma modesta
exibição dos sentimentos de seu autor,
do poeta que debruça a alma
sobre um colo tão doce,
e reclama a autoria de tantos
amores que se lhe escapam... por entre os dedos.
É um mistério encoberto.
É tangível,
apesar da contumácia.