As letras correm dos meus dedos, deslizam na superfície que é o papel...
 
E como um dançarino baila para encontrar seu espaço, seu tempo, sua flexibilidade, por que de tudo que se existe, as letras podem guardar...
 
Eu jogo as palavras como quem monta um quebra cabeça, que a princípio são apenas peças sortidas que não fazem sentido, mas quando unidas produzem seu desenho...
 
Eu quereria inventá-las, mas criadas já estão, só posso combiná-las, adequá-las e mesmo assim sofro por que sofro, afinal quero perfeição...
 
A vogal, consoante, vírgula, ponto, travessão, til, todas e demais, fazem parte do palco da escrita, a mistura é o que a torna bela, a expressão do que se vê, do que se pensa, do que se espera...
 
As palavras surgem, às vezes tão ao acaso, mas não pelo acaso permanecem, é a pulsação de que alguém respira, sonha, pulsação do real...
 
E as letras correm dos meus dedos, deslizam na superfície que é o papel...
 

Gabriela Mansur
Enviado por Gabriela Mansur em 04/04/2012
Código do texto: T3594251
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