Rotina

Rotina

Rotina...

Não sou e não a quero ter!

Não sou Sol e nem Lua.

Não faço o mesmo caminho todos os dias

Sou como o vento que muda de direção,

Às vezes brisa; sou calmaria.

Às vezes forte

Venho com tempestade.

Eu não calo à sombra,

E nem escondo da luz

Eu preciso de espaço

Para ecoar meus gritos...

Meus brados universais.

Não sou neblina

Mas meus olhos umedecem.

Não sou chuva forte,

Mas minhas lágrimas são torrenciais.

Não sou terra ferida

( devastada)

Se me magoam, esbravejo.

E não me entrego à ferida.

Não sou noite

Sou dia, e após dia

Sou temente ao meu próprio “eu”.

Que rotina estúpida

Tentaram me impor?

Ser servil, acovardado.

Ser entregue ao acaso

Sem saber do sábio?

Sem saber do “saber”?

Não tenho hábitos de narrar histórias

Em livro universal.

Conto minha história com lágrimas

( Tem razão de existir)

Mas não me entrego a elas

E nem as faço santas.

Apenas sigo o que tracei no ontem

E nem sempre chego onde queria,

Mas não menosprezo nada em meu caminho

Pedras sempre serão pedras

Areia sempre será areia

Não lhes mudo as feições

Por não ser artificie.

Não maculo a natureza;

Dela só sacio a minha fome,

E nem represo a chuva,

Deixo-a seguir seu destino

Dela só me sirvo à sede.

Sou apenas um passageiro

Em busca do destino.

Sou apenas um mensageiro

Mas não sou santo

Não distribuo milagres

E não “oro”

Pois culpa não me cabe.

Se erro hoje

Hoje reconheço.

Se magoado hoje,

Na hora perdôo.

Não sou juiz,

Mas julgo meus atos,

Se não me condeno,

Consciente, me penitencio.

Que rotina me cabe por ser humano?

Que rotina?

Nenhuma! Pois sou meu próprio caminho

Com atalhos a percorrer, e os trafegarei

Sem temor por nada dever e também

Por nada ter a receber

Além do que me foi proposto

Pela própria vida.

Uma vida sem rotina

Sem surpresas

Sem questionamentos

Simplesmente porque

Eu mesmo a estou escrevendo!

Fim

07/09/2005 Marcondes Filho.

É triste saber que mesmo esta “Rotina” pode ser mudada por pessoas que não respeitam os limites de seus pares e os condenam a viverem o que não queriam.

31 de dezembro de 2005