Adeus, adeus, adeus

Não aguento mais ouvir suas palavras

Tanto quanto não suporto seu silêncio

É cruel demais colocar um pote de ouro

Na frente de uma pessoa que jamais poderá alcançá-lo

Queria ser altruísta o bastante

Para me alegrar com sua felicidade

Mas estes sorrisos ainda me cortam como adagas

E não consigo me livrar da nuvem de tristeza

Agora, só o que desejo é esquecê-lo

Não procuro felicidade

Não procuro amor

Procuro apenas confiança

E alguém que possa estar por perto

Pois sei que você não estará

Talvez possa encontrar outros braços para me envolverem

Que não sejam tão proibidos

Sonhar é muito bonito

Mas não é possível alimentar-se para sempre de sonhos

Estou dizendo adeus a todos os suspiros infantis

Talvez eu me suje de sangue se decidir enfim ser mulher

Mas prefiro sangrar por enfrentar a realidade

Do que chorar por quimeras irrealizáveis

Estou com medo de sair do castelo

Mas não posso me esconder para sempre

E preciso saber do que estou me defendendo

O tempo para inocência acabou

Preciso derreter suas palavras gentis num fogo furioso

E seguir em frente

Não sei em que me tornarei

Jogando fora as esperanças de um jovem coração

Mas aprendi a não lutar guerras perdidas

Muito antes de aprender a amar

Você surgiu em minha vida por acaso

Tão gentil

Exatamente quando eu precisava de gentileza

Seu sorriso me fez baixar a guarda

Você estendeu sua mão e larguei minha espada

Decidi confiar em você

Mesmo depois de prometer a mim mesma

Que jamais confiaria em ninguém

E, contudo, por que só me resta o adeus?

Sua gentileza tocou meu coração

Embora eu jamais tenha tocado o seu

Talvez, em outro mundo, fosse uma bela história

Mas aqui é só um beco sem saída

E cada segundo a mais relembrando

Só torna a despedida um pouco mais complicada

E acho que já tive minha cota de confusão

Irônico abrir mão dos sentimentos

Para poder se livrar da solidão

Já não sou mais nada

Vendi meu coração

Em troca de um consolo inútil qualquer

Mas não pense que a culpa é sua

A culpa é minha

Pois tenho esse coração fraco de mulher

Que nunca conseguira apagar totalmente

E só o que consigo depois de cair

É afundar cada vez mais

Não há mais palavras que ocultem os fatos

Não há mais gentileza que esconda a realidade cruel

Estou tomando um caminho menos romântico

Pois também tenho o direito de sorrir às vezes

Prendo-me teimosamente às lembranças

Mas, no fundo, sei que tudo isso não passou de um equívoco

Uma travessura do Universo

Um desafio para a rainha do gelo

Parto em pedacinhos meu coração ao dizer-lhe adeus

Mas, ainda assim, adeus...

Louise
Enviado por Louise em 04/04/2012
Código do texto: T3594168
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