Onde me esperas?
Hoje não, mas quando?
Essa dor última no peito
Uma despedida,
um último feito
Derradeira existência comedida.
Estarei ciente de meu adeus?
saudarei com beijos o amor
grato e realizado?
Ou em intenso estopor
partirei cansado?
Hoje não, mas quando?
Ausentarei o corpo
do ir e vir bestial
dos homens, do corvo
Num sopro incólume e fatal?
Quem impedirá?
Em qual rua desta cidade fria
sereno ou impávido
à noite ou à luz do dia
me cessará o desejo ávido?
Cai qualquer esperança
nesse ultimato
nessa intrepidez
um tempo ingrato,
viver é uma insensatez.
Me rodeiam tais dúvidas
que certeza
que estúpida espera
tal aspereza
de viver torpe quimera.