Abrindo meus botões

Às vezes acordo disperso um arremedo,

Demanda a geração d’alguns textos o dia,

palavras belas escorrem entre os dedos,

Se tivesse um laço, juro que prenderia,

Aí rabisco um misto de anseios e medos,

tem horas que até, sai um quê de poesia...

Outras, só sujo o papel que amasso,

Como faz a prensa do caminhão do lixo;

A mediocridade espalha seu bagaço,

Ora nem o sumo interessa, pois é mixo,

Desisto então e mais riscos não faço,

Espero da musa o próximo cochicho...

Certos olhos chamam não posso evitar,

Não controlo, pois, quem me governa;

Que miséria só falar um singelo olá,

Represando manancial de falas ternas;

Mas, ainda pulo esse muro, deixa estar,

quiçá ela ouse, afinal, a gata é moderna...

Até é bom que o talento esteja morto,

Não havendo risco que algo bom, faça;

o navio atracar é estágio não conforto,

mas, navegar sempre, seria desgraça,

leva tempo pra fazer um vinho do porto,

pra depois sorver com palato de cachaça...