Azedo, doce, salgado e amargo
Não sei se sinto alívio ou sinto pena;
Não sei se estou quente ou se estou frio;
Não sei se logo grito ou sorrio;
Não sei se é inútil ou vale a pena;
Só sei que estou alegre, num furor
Que não cala a alma desta dor.
Não sei tão certamente deste fato.
É um silencioso vão hiato.
Sei que estou cansado desta dúvida
De me sentir bem ou sentir mal.
Não sei se faço sol ou faço chuva.
Não sei se sou espirto ou carnal.
E vem me perguntar se tenho medo?
Sim! Tenho medo de nunca voltar...
E vem me perguntar os meus segredos?
Sim, tenho, dificeis de acreditar.
E quer me perguntar se estou mentindo?
Não sei se este sonho é real
Por que tomei uma dose de absinto
Para pintar um quadro surreal.
Para calar as dúvidas da alma
Para atribular a minha calma.
Numa contradição pura e impura
Numa frieza cheia de fervura.
Eu sei que está cansado da inconstância
E sei que tão machuca esta minha ância.
Eu sou azedo, doce,
Salgado e amargo
Eu sou, como se fosse,
Um transitório vago.
Me aceite como eu sou
Ou não me ame.
Entenda a minha cor
Pintura infâme.
Ou então vá logo embora
Termine sua obra
E sem deixar resquicio
Ou qualquer sobra.