Palavras (na esperança de serem lidas)

Com quantas palavras se constrói um dia?

Quais as sílabas são capazes de abrir um sorriso verdadeiro?

Dizer tantas frases esperando respostas

E dar à esperança sempre uma sobrevida

Parece ser castigo aos que as usam movidos pelo gostar.

É como um espelho distorcido

Às vezes há o reflexo que se espera

Seria a palavra que se quer ouvir

(Atenção, a maior das conquistas)

Mas na maior parte do tempo se cala.

Na frieza mora uma indiferença quase total

Silêncio. Renúncia.

Quebrados apenas a muito esforço.

Dedica-se o tempo, a oportunidade

Uma frase simples, mas de boa intenção

A chance de querer construir a história que se pensou

E que parecia (ou ainda parece?) tão fértil.

Há respostas? Poucas ações?

Então há o recíproco?

Talvez.

Mira-se os olhos para buscar neles uma noite intensa.

Mas encontra-se apenas o diálogo da praia e do cais do porto.

Entregue as tentativas do coração

Às letras que foram recebidas com afeto

O que tiveste em troca?

A mão que afaga ou as pontas das lanças?

E se for um mistura dos dois?

(Ainda existe admiração)

Eis a sina de quem usa as palavras de afeto:

Querer realizar as saudades mais bonitas

Enquanto elas carregam o verde nas veias

(ainda estão assim)

Serão alimentadas por lembranças e desejos tênues.

Até quando tuas letras tentarão ser lidas verdadeiramente?

É a resposta que eu queria saber.

Mas enquanto isso, restam-me a luta e as tentativas.

E um pedido ao destino das palavras:

Não as deixe sozinhas.

Agnelo Câmara
Enviado por Agnelo Câmara em 28/03/2012
Reeditado em 16/10/2013
Código do texto: T3580056
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