Palavras (na esperança de serem lidas)
Com quantas palavras se constrói um dia?
Quais as sílabas são capazes de abrir um sorriso verdadeiro?
Dizer tantas frases esperando respostas
E dar à esperança sempre uma sobrevida
Parece ser castigo aos que as usam movidos pelo gostar.
É como um espelho distorcido
Às vezes há o reflexo que se espera
Seria a palavra que se quer ouvir
(Atenção, a maior das conquistas)
Mas na maior parte do tempo se cala.
Na frieza mora uma indiferença quase total
Silêncio. Renúncia.
Quebrados apenas a muito esforço.
Dedica-se o tempo, a oportunidade
Uma frase simples, mas de boa intenção
A chance de querer construir a história que se pensou
E que parecia (ou ainda parece?) tão fértil.
Há respostas? Poucas ações?
Então há o recíproco?
Talvez.
Mira-se os olhos para buscar neles uma noite intensa.
Mas encontra-se apenas o diálogo da praia e do cais do porto.
Entregue as tentativas do coração
Às letras que foram recebidas com afeto
O que tiveste em troca?
A mão que afaga ou as pontas das lanças?
E se for um mistura dos dois?
(Ainda existe admiração)
Eis a sina de quem usa as palavras de afeto:
Querer realizar as saudades mais bonitas
Enquanto elas carregam o verde nas veias
(ainda estão assim)
Serão alimentadas por lembranças e desejos tênues.
Até quando tuas letras tentarão ser lidas verdadeiramente?
É a resposta que eu queria saber.
Mas enquanto isso, restam-me a luta e as tentativas.
E um pedido ao destino das palavras:
Não as deixe sozinhas.