Empírico

Considere vaga toda pré-noção

Na ância de entender como se faz.

E como se faz sem antes conhecer?

Como se faz sem nada antes saber?

Saiba que aprendeu a amar

Numa escola que é a vivência

É uma rotina sem cansar

É uma grande eloquência.

Chame de pouco e infundado

Todo saber espiritualisado.

E desconfie do que é anterior

Ao que vem do próprio interior.

Conta-se: Um, dois, três

Ama-se cada vez por vez.

Mas não tente me convencer

Que o amor pode transceder.

No escuro não pode-se ver

Chame de surdo o sentimento

Que não consegue entender

Tal grande engenhoso invento.

Conta-se: Um, dois, três.

Ama-se cada vez por vez

Mas não tente me convencer

Que ama antes de conhecer.

Conta-se: Um, dois três,

Tranca-se todos os "porquês"

Não há como existir

Sem o saber pra definir.

Não minta ou crie fantasias

Com um sentimento passageiro

Ao se esforçar compreenderia:

Vence quem pensa primeiro.

Conta-se: Um, dois, três

E cai quem não segue as leis.

Amar é costume e ciência,

Obrigação da convivência.

Considere vaga toda pré-noção

Na ância de entender como se faz.

Como se tem uma alma pura

Desvinculada da cultura?

Chame-me de empirista

Pois me recuso a aceitar

A Explicação tão lacunar:

O amor a primeira vista.