De deuses e de loucos...

Diga lá quem são esses loucos,

Que pintam quadros, não poucos,

Mosaico de estações, como o ano;

Essas vítimas das paixões,

Escravos remando em grilhões,

Nas galeras do desengano...

Faça um vero apreço dos tais,

Como purificar os metais,

Quimera amalgamada na verdade;

Safári estudioso no Brasil central,

Ornitólogos em pleno pantanal,

retratando as penas da saudade...

E por mais que a desdita desfaça,

não se pode acabar co’essa raça,

cada segundo uma nova criança;

escalando o alto pico dos sonhos,

compondo melhor que componho,

crava no topo o pendão da esperança...

Esses loucos, reféns do destino,

são vasos de um sopro divino,

cada devoto do belo, os reverencia;

o eterno conflito de Vênus e Marte,

deuses no universo da arte,

sem o privilégio do sétimo dia...