Os Frios - A primeira poesia

Os frios sentem o verdadeiro sentir.

Os frios sabem o verdadeiro saber.

Os frios de alma sempre sabem o quanto e como viver,

Pois sabem que o tempo é breve.

Os frios sabem distinguir o quente,

gelado, amargo, doce e azedo

E sabem tanto que até o gosto

Não é mais nada além de um grande nada.

Os frios de mente sabem o que não devem mostrar

E só revelam o que deve ser revelado.

Quem tem frieza de corpo sabe o momento certo

De ser um conforto ou até um incomodo.

Os frios que ousaram se apaixonar com imprudência

Caíram numa loucura sem fim nem começo.

Os frios que sobrevivem a paixões incorretas

Tornam-se tão sábios que, para eles,

O amor não é mais mistério.

Os frios que amam sem pensar padecem

E no egoísmo morrerão pra sempre.

Os Frios que se amam e amam ainda os outros

Será aberto para si um terceiro olhar.

Os frios não temem mais as mortes,

Pois com elas que cada vez mais aprendem

Para enfim viver a verdadeira vida.

E lá sua alma fria, calma e boa

Se juntará a outros frios presentes.

E no antigo e imperfeito mundo

Só as lembranças e um cadáver ainda frio

Restarão de um legítimo ser da luz.